segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Saudade

Confesso que ainda tenho alguma dificuldade em fazer um balanço de tudo o que vivi nestes dois meses em moçambique. Nem sei se serei um dia capaz de o fazer.

Penso que ainda preciso de algum tempo para digerir, assimilar e gerir todo o meu coração que veio um pouco atarantado mas muito cheio. Nunca esquecerei este lugar e as pessoas que nele habitam. Nunca.

Muitas saudades sinto...Agora não de quem parte mas sim de quem chega.

Até breve.

Beijinho


segunda-feira, 26 de julho de 2010

PIRATAS DA SAVANA "CHAFÚRDAM NA LAMA"


Não quero, de modo algum, que interpretem literalmente o título deste post e portanto farei de tudo para vos elucidar correctamente mas se mesmo assim não for eficaz, não vos condeno. Desde o "último café" muita coisa se passou...

No fim de semana passado viajamos para Inhambane, que se situa na costa de Moçambique, para norte. Sexta, fomos á "junta" apanhar o machibombo e partimos numa aventura de 8 horas. Nesta viagem fui acompanhada por uma "mamã" que ora vomitava bílis ora bebia gin, ora vomitava na capulana, ora vomitava na minha mochila. Bem eu não sabia se me ria ou se vomitava também. Mas mais uma vez valeu a pena o sacrifício pois sem tudo isto não teria a oportunidade de ver talvez a paisagem mais bonita que alguma vez sonhara haver. Um extenso palmar (dizem que o maior do mundo), no meio da floresta por caminhos de terra/areia vermelha batida ou por alcatrão, entre povoações e palhotas.

Nas paragens éramos interceptados por vendedores incansáveis que traziam frutas, castanha(caju) ou amendoim, gulodices e fritos, refrescos entre outras coisas vendáveis e lá seguíamos viagem novamente entre uma vegetação extremamente rica e exótica á nossa esquerda e/ou lagoa(Quissico ou Inharime) bem como o meu querido Índico á nossa direita. Definitivamente de cortar a respiração. Assim chegamos a Inhambane, uma cidade piscatória ainda com claras reminiscências do período colonial, verdadeiramente bonita e aí apanhamos um chapa para o Tofo que se situa a 30 minutos dali. Um sítio absolutamente paradisíaco. Um extenso areal por onde entra o famoso Índico no qual pela primeira vez me banhei ainda que não completamente. Aqui ficamos de sexta para sábado, dois dias maravilhosos, com direito a um jantar delicioso no mercado, marisco, passeio, muita risota, alegria, boa gente e boas conversas e um céu inacreditável. Sábado apanhamos, por volta das 4 da manhã, o machibombo de volta para Maputo, uma odisseia ligeiramente perigosa visto o condutor ser um pouco "racer". E assim por volta do meio dia estávamos de volta á civilização. Nesse mesmo dia voltamos para as Mahotas.

A semana correu na "paz do senhor", muito trabalho juntamente com muita felicidade e aprendizagem e mais algum ranho e lesões.

Nesta sexta, dia de casa da alegria, houve alegria...O João, o rapaz que nos leva do centro de saúde Polana Caniço, onde trabalha a irmã Raquel, para a casa das irmãs de Calcutá fazia anos e portanto houve direito a festa e presentes, música e dança e sobretudo muita simplicidade e amor por parte de quem tudo isto recebeu. Mais o facto de estarmos com o Daniel, um rapaz de 34 anos com "sida até aos cabelos", mas que tem um apetite bem aguçado e que só fala em comida e se lhe podemos trazer uma "arrufadinha com queijinho", um "bolinho de arroz ou uma natinha" ou mesmo "um cachorrinho". Uma delícia este indivíduo. Seguidamente, uma viagem num chapa de caixa aberta de Ulene até á cidade, onde chegamos e procuramos um sítio para dormir. Mas, azar dos azares, estava tudo que era acessível em Maputo relativamente a dormidas, absolutamente cheio e restava-nos apenas a "Pensão Central", que de nome só se aplicava o central pois o que nos restava não era nem uma camarata nem um quarto, seria simpaticamente, dois sofás carregados de ácaros e outros seres talvez nunca identificados. Portanto, depois da vinda de uma noite, paz e eu, sacamos das nossas capulanas e de sapatilhas e tudo deitamo-nos naquele amontoado de vida e ali ficamos até acharmos que seria altura de irmos embora. Tivemos direito a ouvir aquilo que seriam rituais de uma seita não identificada, gente estranha que nos olhava com desdém, e o "chefe" que nos pergunta se vamos continuar por ali ao qual respondemos de forma simples e objectiva "não se preocupe daqui a pouco(5 horas) voltaremos para as Mahotas". Enfim, resultado? Rir até fazer chichi nas calças.

Sábado voltamos para as Mahotas pois domingo seria a ida á Feira Popular com os miúdos, com os quais, juntamente com a mana Angela, estamos a trabalhar. Tivemos direito a brinde, uma missa do novo pároco da comunidade que tardou em chegar. O pároco e a missa. A espera foi de três horas e só chegou mesmo a missa e o bispo, do pároco nada. O público que inicialmente estava bastante ansioso depois demonstrou-se desiludido. Pudera. Mas entretanto já se sabe quem é, o padre Dionísio, diria a irmã Goretti, deus do vinho.

Domingo foi a tão esperada ida á feira popular, uma verdadeira loucura. Desde a felicidade dalguns miúdos conhecerem a cidade pela primeira vez, e note-se que as Mahotas fica a 15 km de Maputo, desde a viagem num chapa com 20 lugares para 37 miúdos, os carrinhos de choque, os aviões telecomando, o concurso de dança, o almoço, as músicas, os cantos, a alegria constante, a surrealidade da feira popular e sobretudo aquilo que mais me impressionou foi a simplicidade com o que faz sentir felizes, estas crianças. Supostamente tão pouco para nós e para eles "é o mundo". Gostei mesmo muito deste dia, fez me lembrar de quando era criança e do quanto insuportável era, e que por vezes ainda o sou.

Bem o coração já vai estando bastante apertado, é quase "hora" de ir embora...mas isso serão "outros quantos", outro post, outra história.

Um grande beijinho com saudades

Mána Téresinha

quarta-feira, 14 de julho de 2010












Piratas da savana.


O cenário envolvente que premeia muito pelos contrastes, mantêm-se. Apenas torna-se urgente que a postura seja diferente. Através do sentido de humor e da loucura, as coisas, tomam uma proporção e forma destinta, o que de alguma forma facilita a assimilação de toda esta experiência e das emoções inerentes.

Sexta-feira é dia de "Casa da Alegria" e como já vos referi, de alegria tem muito pouco. As irmãs de Calcutá estão onde mais ninguém quer estar e percebe-se perfeitamente o porquê. Basicamente o campo envolvente é uma grande lixeira que a nível de dimensões assemelha-se a uma cidade e onde lá, por incrível que pareça, sobrevivem pessoas. Este projecto centra-se especificamente nos indivíduos que foram esquecidos pelo mundo e recordados pela insaciável morte. Os moribundos, os intocáveis, os abandonados, a quem lhes é dada uma oportunidade de viver ou de morrer dignamente. É por aquele local de passagem, que passam pequenos grandes novos velhos homens mulheres, normalmente com SIDA e condenados com "o morrer hoje ou amanhã". Não existem cursos ou manuais de instrução que nos ajudem a entender e a lidar com situações como estas, nem o século XXI o consegue explicar, nem eu, pessoalmente sou capaz de o fazer. Resta-nos apenas dar uso aos nossos órgãos e membros, aos nossos braços, mãos, olhos, ouvidos e sobretudo ao nosso coração que é o meio, o termo, a razão pela qual vale a pena viver.


Neste fim de semana, sábado, embarcamos para a "Ponta do Ouro", a 4 horas de Maputo. As 9h estávamos apanhar o barco para Katembe onde seguidamente iríamos apanhar o que nós suponhamos ser um 4x4, mas mais uma vez engano nosso, iríamos no nosso tão querido e já outrora referido chapa. Á partida pareceu-nos um pouco suspeito, mais adiante, comprovamos que valeu todo o sacrifício que vos passo a descrever: neste transporte só podem estar por volta de 12 pessoas mas normalmente estão mais de 20. Conseguem imaginar, algum calor, 2 "molungas" no meio de moçambicanos, todos enlatados, apertados, com tubos de metal nos pés, malas que se multiplicam, pernas que estão constantemente a bater nos ferros do banco da frente, tudo isto, através de caminhos sinuosos e bastante acidentados em que se partilha qualquer coisinha de suspensões e amortecedores. Resultado: ora cabeça no tecto, ora cabeça na frente, ora cabeça atrás, ora negras nas pernas, ora chiclete nas calças, só para o lado é que não se anda pois vamos bem amortecidos pelo excesso de pessoas. Bem, mas sem tudo isto não haveria uma viagem incrível pelo meio da savana, entre muitos risos e paisagens, cheiros e cores, serenidade e loucura, uma viagem pelo verdadeiro Moçambique que ainda não havia conhecido. Inesquecível. E tudo isto culminou com a chegada...uma praia que se situa numa espécie de aldeia ligeiramente selvagem e na fronteira com a África do Sul por quem é claramente explorada. Aqui não existe mais que um mercado, um complexo de aldeamentos e uns poucos cafés/restaurantes por sinal caros. Soube-me muito bem sair deste Maputo já demasiado ocidentalizado e conhecer um pouco mais deste país inacreditável carregado de cenários contrastantes.

Aqui vos deixo um pouco mais desta aventura, que todos os dias confirma a minha alegria por ter vindo, mesmo que seja por pouco tempo e mesmo que muitas vezes tenha de recorrer ao mencionado sentido de humor para que me seja possível entender determinadas situações inimagináveis.

Um grande beijinho com muitas saudades

Mána Téresinha

segunda-feira, 5 de julho de 2010

"SÓ RIRrrr..."

Este é o abençoado lema usado constantemente pela paz e por mim que trespassamos á clara, e de facto é "remédio santo". Só rir!
Acabadas de sair dum episódio surreal digno de jornal "o crime", que transparece na perfeição este lema. Passo-vos a contar...Ora bem, depois de um jantar delicioso(lentilhas, arroz com côco com direito a carapau na "palhota" das manas Sakina e Anastacia viemos para a nossa "palhota" que mais tarde, revelou ser uma fortaleza. Passado algum tempo, começámos a ouvir uns barulhos deveras estranhos, que se assemelhavam a uma tentativa de quem tenta forçosamente entrar na casa de alguém sem ser convidado. Como imaginam, começamos a ficar um pouco atordoadas para não dizer "cócó nas calças" tendo em conta que ultimamente têm havido imensos assaltos e outras tantas situações pouco recomendáveis... E os ruídos permaneciam. Como nos foi informado pelas irmãs sempre que estivermos em apuros, pegamos no nosso apito cedido pela irmandade e damo-lo uso. Portanto, podem imaginar paz e eu, cada uma com o seu pertencente apito, riamo-nos com o coração nas mãos....e o barulho lá "ganhava voz" para acentuar o nosso pânico...!Ligamos ás irmãs que vieram em nosso auxílio com os apetrechos necessários,mais 2 manas e o "pápá" o nosso vigilante das noites, e depararam-se com o seguinte cenário:
UM CÃO QUE FIELMENTE GUARDAVA, Á PORTA, A NOSSA FORTALEZA, e que simplesmente queria a nossa atenção(pelo menos preferimos pensar assim). Bem, resumindo e concluindo, somos motivo de chacota nos próximos tempos e tema de conversa aquando o "mata-bicho"(pequeno-almoço) de amanhã.
Bem, deixo-vos, com este "circ du soleil" e uma boa noite!!!
Um grande beijinho e uma saudação canina para este tão zeloso cão.
Mána Téresinha

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ora bom dia, boa tarde, boa noite senhor inverno...
Da janela do meu quarto o cenário é de chuva torrencial, frio e um vendaval tremendo, já começa anoitecer(16:30)... não me posso lamentar, esta estação tem sido bem simpática,os dias de sol e a temperatura amena, têm sido constantes. Nada comparado com o nosso forte e desagradável inverno.
Já aqui estou quase á um mês, como o tempo passa, e no entanto parece que já cá estou á muito mais tempo. Não só pela intensidade dos dias mas pelo que já carrego comigo, uma verdadeira fortuna. Eu já suspeitava que iria aprender muito, simplesmente, nunca imaginei que essa aprendizagem fosse tão generosa e cheia de iniciativa e se apesar de todos estes ensinamentos me fazerem sentir muito pequena, ao mesmo tempo me demonstram que tenho eternamente oportunidade de crescer. Confesso que isso me dá uma enorme alegria.
Um grande beijinho,
Teresinha

domingo, 27 de junho de 2010

...

Depois de infelizmente terminada a interminável leitura do livro "A rapariga que roubava livros", infelizmente sim, porque este livro era um grande companheiro, posso-vos dizer seguramente, que hoje as palavras ganharam um novo significado e a minha intenção de as compreender melhor. De facto, uma imagem nunca vale mais que mil palavras, porque cada uma destas traz consigo uma infinidade de possibilidades e projectos que cada um, faz o favor de dar vida. Não quero com isto dizer, que as imagens não têm nenhuma importância, antes pelo contrário e nem a mim me ficaria bem dizer isso, simplesmente nem umas nem outras existem para se substituir mas sim para se/e nos completar de uma forma que muitas vezes não conseguimos entender ou mesmo reconhecer, talvez porque nos faça ver as inúmeras vezes que impertinentemente lhes damos uso e forma.
Espertinha eu...!!! Convenientemente, já me estou a desculpar antes de começar por vos contar um pouco mais sobre esta terra avermelhada de chapas e machibombos. Os machibombos, que ontem tive a oportunidade de experimentar, são semelhantes aos nossos autocarros só com uma pequena diferença, é que aqui os acessos não são propriamente acessíveis e portanto uma viagem de 15 km demora aproximadamente uma hora e meia, duas se houver trânsito. No porto isso ter-me-ia incomodado muitíssimo mas aqui, antes pelo contrário, tive a oportunidade de ser calmamente apresentada a um cenário que apesar do lixo ser elemento constante, acaba por quase passar despercebido pois as pessoas com as suas mercadorias diárias, os cheiros, as cores, os padrões, os blocos de cimento, os prédios que transparecem uma ausência ou possível falha no que respeita o planeamento urbanístico, as galinhas, as crianças a correr por todo o lado, a areia, a publicidade, a estética peculiar, todos estes têm o seu lugar e especialmente o seu encanto o que torna impossível não lhes repararmos. Depois existem também os chapas, que são transportes mais rápidos e mais pequenos mas que igualmente acrescentam algo mais a toda esta envolvência, levam-nos seja através do índico ou xiquelene(mercado), ou mesmo por ulene(onde está a grande lixeira) e nos deixam onde queremos ir. Através destes transportes conheci um pouco de moçambique mas ainda com tanto por conhecer.
A nível de trabalho, tendo bem presente que há sempre muito a fazer e que tudo isso implica tempo e muita paciência, que tudo isto é um grande desafio, que muitas vezes me assusta e no qual estou sempre aprender, e acreditem que aprendo muito mais do que aquilo que transmito. Experiência essa, que tive na sexta passada quando fui com a paz e a irmã raquel á casa da alegria das irmãs da caridade, e que se de alegria vivia, também se assistia a cenários extremamente tristes dos quais confesso me doeram bastante e de ainda ser difícil recordar. Tenho estado a ajudar a Ercília que é uma menina um pouco triste mas cheia de potencialidades, que embora esteja no 5º ano não sabe ler nem escrever. Tenho dado algum apoio, ás quintas nas explicações da turma da paz, que neste dia vai dar apoio á cadeia, e na informática á mana Ana uma das monitoras da alfabetização do centro. Estou também acompanhar juntamente com a mana Ângela, que se está a preparar para ser freira, um grupo de adolescentes entre os 8 e os 14 anos, com os quais se vai fazer um festival de dança, teatro, canto e debates. Esta semana estive a dar alguma formação no campo artístico aos monitores do centro, que se baseou em dar algumas noções no campo da expressão. Tiveram de fazer um desenho de como se viam juntamente com uma apresentação oral perante o resto da turma, tiveram de desenhar também o seu dia-a-dia, assistimos ao filme "ratatouille", jogou-se um jogo em que as equipas tinham de adivinhar palavras através de mímica ou do desenho, fizeram também em equipa, um cartaz no âmbito dos 35 anos da indepêndencia de moçambique que se festejou ontem, com toda a alma. Garanto-vos que o resultado foi extremamente positivo e apercebi-me de que aqui, as pessoas só precisam mesmo de uma oportunidade, para de facto, nos surpreenderem e nos maravilharem com as suas imensas capacidades.
Bem, espero não me ter alongado muito mas queria mesmo partilhar com vocês, um pouco, do que tenho vivido por aqui!
Um grande beijinho e muitas saudades,
teresinha

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Até designer já fui aqui...


Uma das festas de despedida da Clara

As boas vindas da amiga pazotas "Hoyo hoyo"

O centro social flori em Mahotas
1 dos rituais de boas vindas, a entrega da primeira capulana

Outro ritual de boas vindas
OS DIAS
Hoje escrevo-vos sobre os dias, todos os "dias" auspiciosos que aqui têm um sabor diferente. Um sabor de quem se apercebe que tem o coração quente por saber quem o preenche. A saudade é mesmo assim. Serve para nos lembrar das pessoas de quem gostamos e dar espaço para gostarmos de outras mais.
E aqui, também há tantas pessoas "gostáveis", que sabem cantar e dançar para nos fazerem sentir, que sabem falar para nos lembrar o quão bom é ouvir, que sabem fazer silêncio para podermos falar, que sabem lembrar para aprendermos a dar valor. Pessoas que nos ensinam a fazer chamuças e nos abrem a casa, as que nos contam uma história, as que nos dão o melhor que têm, que nos dão um abraço para que não tenhamos medo e nos demonstram que somos capazes, pessoas que nos dão a conhecer o mundo de uma perspectiva diferente e ainda assim lhe conferem sentido de humor. E depois, sobretudo, há as que simplesmente sabem amar para que não nos esqueçamos de "casa".
Os dias aqui, são sempre cheios, "cheios de muito", ora cheios por manteiga de amendoim ora cheios de humor e cumplicidade, ora cheios pelo conhecimento, ora cheios pelas pessoas, ora cheios por tantas outras coisas. Decidi confiar nos dias auspiciosos que a todas as horas se nos apresentam.
Por aqui tem-se vivido muitas festividades, foram os anos da paz, foram os anos de duas irmãs, foi a despedida da Clara, voluntária, que se vai embora amanhã e aqui as festas são ciganas, tem uma duração interminável, matam-se as melhores galinhas, oferecem-se coca-colas, preparam-se as vozes para os melhores cânticos com os melhores instrumentos, transborda-se de alegria e bebem-se as melhores palavras.
Ontem visitamos um projecto de uma ONG em Congolote, onde visitamos uma escola e um centro de saúde/maternidade que atende uma infinidade de gente e só tem uma enfermeira que acaba por também por ser médica, impressionante uma força digna de nos fazer acordar. Mas por outro lado, também me vou apercebendo que algumas ajudas, contributos, intenções baseiam-se um pouco no "dar o peixe mas não ensinar a pescar" e isso para além de ser extremamente perigoso pode ser irreversível, porque não forma, não educa,não implica as pessoas locais mas sim, cria dependências e há sempre quem lucre com isso. Mas por outro lado, assiste-se a gente que não baixa os braços, que não se deixa ficar e acima de tudo se preocupa verdadeiramente em combater a ignorância pelo interesse, a solução pelas opções e acima de tudo dar esperança ao desespero.
Entretanto no sábado, a pazotas fez anos, foi um fim de semana de muito arejo, boas conversas "com pessoas cheias de mundo"(diria a paz) , o que também sabe muitíssimo bem, posso vos até dizer que quase estivemos em Portugal.
Sinto-me bem neste sítio onde, de facto, se recebe muito mais do que aquilo que se dá! Experiência essa, que constantemente tenho com vocês.
Com muitas sa
udades vossas, um grande beijinho
Teresinha